Na história “Vocação Suína” vemos a terrível batalha dos porcos Héctor e Nilo para conseguirem um emprego. E pior: como recém-chegados em um local novo, precisam encarar um mercado de trabalho vasto e competitivo.
De fato, esses porcos são jovens, passaram a vida praticamente inteira metidos em rebeliões e aventuras com o seu amigo robô Crystus Atemani. Também precisam encarar o fato de que apenas estudaram e aquilo que aprenderam numa escola tradicional não será suficiente para a sua vida profissional.
O Improvável Acontece
Sem querer dar spoilers, a vida desses porcos mudam radicalmente a partir da construção de um conhecimento essencial nos dias de hoje: Inteligência Artificial.
Os porcos-voadores foram inspirados naqueles indivíduos que descobriram formas de dominar o mercado de trabalho a partir deste conhecimento tão essencial. Nilo e Héctor são tão ou mais valorosos que aqueles seus contemporâneos que também buscam emprego, mas não possuem instrução mínima para gerir uma IA. Em Suinópolis, dá para notar a atmosfera competitiva ao analisar a reação daqueles que ficam surpresos com a contratação de Héctor e seu irmão Nilo.
É notável também que as funções desempenhadas neste cargo envolvem marketing e tecnologia, tornando o uso da IA uma ferramenta essencial no dia a dia. E os porcos recém-chegados não dominam nem o básico de marketing e, tampouco, tecnologia.
A História de Crystus Atemani
Ora, é dito na história que Nilo e Héctor são amigos do robô Crystus Atemani. Crystus é uma máquina inteligente e, conforme vimos no ebook “As Aventuras e Desventuras de Crystus Atemani e os Porcos-Voadores“, este robô não possuía nada de especial.
Durante muitos anos, Crystus foi servo do rei Zéker e, frequentemente, era isolado dos demais robôs por não ter nenhuma “habilidade robótica”. Revoltado, Crystus foge e jura a si mesmo ser um robô independente, que irá seguir apenas a lógica e construir um caminho único, não servidno a nenhum rei ou estadista que quisesse dominá-lo.
Podemos concluir que Crystus não é um robô. Robô vem da palavra tcheca robota, que significa “trabalho forçado”. Crystus Atemani foi um robô; hoje ele é apenas uma espécie de “máquina independente”. Contando apenas com a sua racionalidade, ele decide viver uma vida de escritor, tendo que aprender a construir sua própria autonomia. Mas como ele fez isso? Simples. Essa “máquina inteligente” reconheceu que a IA não era apenas uma tendência em Néper, mas em todo o planeta Varda.
Enquanto outros robôs de Varda contavam com lasers, elasticidade, luta programada, disparos de fogos, dentre outras habilidades, que serviam apenas para proteger seus donos, Crystus tinha apenas a habilidade única de manusear algumas inteligências artificiais. Logicamente, isso demorou meses – ou talvez anos – para que ele conseguisse aprender tudo. O estopim para o seu aprendizado foi a IA “Writetonic”, que tinha como função gerar textos sofisticados e bem elaborados, pois inicialmente o senhor Atemani vivia apenas como escritor.
Uma Vantagem, Talvez?
Depois de alguns anos, a máquina escritora conheceu os porcos-voadores Nilo e Héctor, e ensinou-lhes tudo o que sabia no período em que vivenciaram inúmeras aventuras, como relatado nas “Aventuras e Desventuras de Crystus Atemani e os Porcos-Voadores“.
Dessa forma, os irmãos porcos contaram com a vantagem de ter tido um amigo que lhe ensinasse basicamente tudo o que conhecia sobre inteligências artificiais. Uma competição desleal? Talvez.
Não foi relatado em “Escala Extenuante”, mas Suinópolis foi durante muitos anos uma cidade pobre e sem muitos recursos educacionais e sociais, algo que marcou profundamente os jovens das idades de Nilo e Héctor. Daí pode-se perceber uma certa disparidade social que deixa muitos totalmente fora de suas pretenções trabalhistas e salariais, dificultando, devido a uma educação de baixo nível, sua inserção no mercado de trabalho suíno.
Nilo e Héctor também são de origens humildes, mas eles tiveram a chance de conhecer e selar uma amizade com alguém que sabia de um assunto capaz de impactar a forma que todos os cidadãos de Varda enxergam as coisas.
Conclusão:
Este artigo é uma homenagem àquelas pessoas que, mesmo com todas as barreiras sócio-econômicas impostas a elas, procuram aprender e se atualizar com as novas tendências do mercado. Os “porcos-voadores” são uma metáfora para aqueles indivíduos que vieram de uma origem humilde e, mesmo com todos os percalços e por um detalhe visto como “irrelevante”, conseguiram vencer naquilo que buscavam.
O robô “Crystus Atemani”, embora parcialmente inspirado no autor que vos escreve, é outra metáfora: um acessório.
Este robô não tem absolutamente nada de especial que outros robôs conterrâneos possuem, mas ele conta com um conhecimento relevante. Este acessório é uma espécie de “incentivo” para novos aprendizados, e pode ser algo simples: um livro, computador, apostila ou, até mesmo, a experiência de vida de uma pessoa que admiramos.